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04/06/2012

NOVA LISBOA

A Cidade
Cidade virada para o progresso, onde não faltam monumentos e jardins e onde todos os dias se levantam novas estruturas para novos prédios . A caracteristica  desta cidade é a falta de movimento, é muito pacata, uma cidade onde a limpeza impera e embora sendo uma cidade do interior sem praias, tem outras belezas nos morros que a circundam, isto sobre Nova Lisboa em 1974.
A ideia inicial quando conheci Nova Lisboa, era de uma cidade pacata demais para o meu gosto habituado ao bulício da cidade de Luanda. Dias mais tarde não queria outra coisa. Apaixonei-me por esta cidade.
Nos poucos fins de semana que estive em Teixeira da Silva ( Bailundo ),  quase sempre, ia a Nova Lisboa que distava de Teixeira da Silva uns 60 kilómetros,  ia para casa de um irmão do José Gama,  creio que se situava perto de umas bombas de gasolina numa rua paralela ao Ruacaná.  Lembro-me de me levantar, ir para a varanda da casa  e sentir o pulsar da cidade o  “acordar”. O tempo, esse, era magnífico. Ao contrário do clima de Luanda quente e húmido, em Nova Lisboa o tempo era fresco e quase sempre havia uma neblina matinal e como eu gostava de sentir o fresco da manhã ali naquela varanda. Os cinemas a que ia frequentemente eram ao “Ruacaná” e ao “Cine Estúdio 404” (dizia na altura que era mais ou menos o estilo do Cine Estudio de Luanda.  Com estes anos passados  já não sei situar esse cinema em Nova Lisboa.A melhor casa de modas, a “Nova York”, com diversas secções cada uma apresentando os seus artigos  era como os “Armazéns do Minho” da baixa de Luanda.

                Casa Nova York de Eduardo Pires Rock  1974

Um jardim que muito frequentava era o Jardim da Praça Salazar perto do Ruacaná onde passava horas a ler (comprava os livros na “Livraria Lello”), onde haviam umas árvores que “pingavam”. Um amigo disse-me que eram conhecidas por “árvores choronas”. Choronas ou não, era um jardim muito bonito, como eram quase todos os jardins desta cidade, com uma fonte, a «Fonte Luminosa», com um espectáculo de luzes ao anoitecer.



                                               Jardim Fonte Luminosa 1974
O Restaurante que muito frequentei, estava situado mesmo em frente a este jardim era o “Koringas”. Ali tomava as minhas refeições.   Também fui algumas vezes até ao Restaurante “Imbondeiro”. “Se alguém passar a vosso lado e vos segredar em vóz de desânimo procurando convencer-vos de que não podemos manter tão grande império expulsai-os do convívio da Nação”.Palavras de Norton de Matos fundador da Cidade de Nova Lisboa, que se encontravam inscritas na coluna do monumento a ele dedicado na Praça Manuel Arriaga.
  As figuras de mulher esculpidas no monumento representam um dado atributo ao fundador desta cidade: Prudência, Justiça, Fortaleza e Temperança.
Em frente ao monumento eram os Correios (belo edifício).  Na imagem em baixo do lado esq., uma escola do Ensino Secundário na Rua 5 de Outubro rua que nos levava ao Ruacaná. No jardim, no lado dto, havia uma Gelataria chamada “Veneza” onde os estudantes esgotavam o stock de semi-frios rapidamente. Havia também o Himalaia onde, além dos gelados, tinha um bom vinho verde e muitas imperiais lá bebi.
Haviam dois mercados Municipais, um na cidade Alta com uma arquitectura moderna … E um outro mais antigo na Praça Vicente Ferreira (com um Monumento muito bem conseguido). Um mercado bem mais pequeno e com poucas bancas de venda no seu interior.


                      Mercados de Nova Lisboa 1974
Havia uma piscina do “Club” du Chemin de Fer,  ou seja, a Piscina do “Ferrovia” piscina que  frequentei algumas  vezes, pois as férias eram curtas para tanta beleza

                                         Piscina do Ferroviário 1974

Bairros de Nova Lisboa tinham nomes de Santos, S. Pedro, S. João, este era muito conhecido,   outros eram o Bº do Benfica, Académico, do C.F.B., Cavalo Branco mas um dos Bairros que me lembro bem era o Bº Bom-Pastor perto do Mambroa (campo do Benfica do Huambo). Perto do bairro havia um bosque frondoso com pinheiros onde corria uma brisa fresca e suave. Era ali que muitas vezes a população ia descansar e “piquenicar”. Além do Estádio do Mambroa  havia o “Estádio de  Cacilhas” no Bairro do Cacilhas.
Fazia-se por lá, uma feira onde a diversão imperava, com carrinhos de choque, carrosséis e umas boas febras se comiam, e uns bons finos se bebiam  nas barracas de comes  e bebes. 
Uns meses depois, mudaram-se os tempos, e as vontades,  Era para  continuar num país que tinha espaço para todos. Infelizmente assim não aconteceu e, a Nova Lisboa que conheci, foi derrubada ao som de tiros e morteiradas. Hoje só resta lembranças.

                                                     Cinema Ruacaná 1990
              1975




                                 

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