Meu amigo José Rufino ( brinca na chica). Tem treze anos e em seus olhos brilham o ardor, o entusiasmo e a esperteza é magricela de ruindade, dizem. O cabelo preto encaracolado, eternamente indisciplinado referenda-o como cara invocado que não leva desaforo para casa. Acham que tem fogo no rabo, pois não para quieto. Seu português é sofrível e não está nem aí para melhorá-lo, apesar das insistentes correcções dos pais (tem vergonha de falar bonito; a turma da rua não perdoa esses tipos).
Criado do Pateiro que o pai tinha as bombas de gasolina na Est. de Catete que morava ao lado do Mota quando se ia para o Palanca. Esse miúdo também andava de costas, fazia o largo da igreja com a roda da frente no ar e travava com o pé descalço na roda de trás, até deitava fumo,……………………………
Susceptível ao extremo, salta da alegria incontida à casmurrice retida em segundos. É sincero, leal e teimoso... Teimoso mais do que ele só burro velho, bem velho. Não gosta de banho nem de matemática. Tem colecções de tudo: maços de cigarros vazios, caixas de fósforos, tampinhas de garrafas, selos, figurinhas... Todas inacabadas. Gosta de andar descalço, sem camisa e com calção de bolso profundo onde carrega o impensável: berlindes, pião, fieira, munição de pedras para a fisga e, ultimamente, um pente, porque anda enamorado da menina pretinha da 5ª Rua (pode topar com ela na rua; nunca se sabe...).
Criado do Pateiro que o pai tinha as bombas de gasolina na Est. de Catete que morava ao lado do Mota quando se ia para o Palanca. Esse miúdo também andava de costas, fazia o largo da igreja com a roda da frente no ar e travava com o pé descalço na roda de trás, até deitava fumo,……………………………
Susceptível ao extremo, salta da alegria incontida à casmurrice retida em segundos. É sincero, leal e teimoso... Teimoso mais do que ele só burro velho, bem velho. Não gosta de banho nem de matemática. Tem colecções de tudo: maços de cigarros vazios, caixas de fósforos, tampinhas de garrafas, selos, figurinhas... Todas inacabadas. Gosta de andar descalço, sem camisa e com calção de bolso profundo onde carrega o impensável: berlindes, pião, fieira, munição de pedras para a fisga e, ultimamente, um pente, porque anda enamorado da menina pretinha da 5ª Rua (pode topar com ela na rua; nunca se sabe...).
Durante a semana anda melhor vestido por imposição profissional: é estafeta do Jornal Província de Angola. Teimou que queria ser estafeta e tanto fez que obrigou o pai a conseguir mil autorizações para emancipá-lo e poder ocupar o cargo, a título de estagiário, menor aprendiz e outros buracos da lei. O pai permitiu que esse seu rebento trabalhasse para tirá-lo da vadiagem, já que estudar não é muito com ele não.
Muitas vezes aborrecia os mais velhos para querer passear nas torraites. O nome do kandengue? Ah, sim: José. É o encarregado de cuidar do pequeno galinheiro da família, que não lhe poupa, entre outras, das seguintes fainas: recolher ovos, buscar serradura na serração do Salgueiros para forrar o chão sob o poleiro, pegar folhas de verduras, para alimentar a galinhada do quintal. E justamente por causa do encargo de cuidar das galinhas é que os seus amigos começaram a chamá-lo de Zé das Galinhas ou simplesmente Zé Galinha.
Quebrou a cara de vários deles pela troça, e percebeu que depois disso o epíteto se alastrou mais; então, deixou de partir para o pau e os amigos, ao perceberem que ele não estava nem aí com a brincadeira, esqueceram do apelido. Para o gasto do dia-a-dia a turma chama-o de ZÉ DAS, redução de Zeguinha, ou simplesmente Zé, ( Brinca na Chica ) aliás, o mais utilizado, porque faz umas acrobacias com a bicicleta. Esses apelidos extravasaram a esfera do bairro e derramaram-se na empresa. Foi culpa dele mesmo, que organizou um trumuno de futebol entre duas turmas, e a dele era a do BRINCA NA CHICA e a outra os BRINCA NA AREIA . Em casa chamam-no apenas por Zé, ou Zezinho.
Listar-lhe os defeitos é canja; as virtudes, um aperto. Mas como meter foice em seara alheia é fácil, e canseira o edificar, mordo a língua e calo o bico. Sei que o BRINCA NA CHICA ficou em Luanda no Bairro Popular Nº 2.
1973
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