Esta cena passou-se quem ia para o Palanca junto à casa do Sr. Morais no topo da rua. A casa era a única e tinha um monte de terra apetitosa para uns saltos, a uns 10 m de largura. Vai daí, embalagem tomada sai salto. Um, dois, três, foi-se juntando malta, das redondezas, cada vez mais velocidade e era diversão para todos. Até que...Em vez de 1 eram 2 na mota (o Dário a conduzir e o Luis atrás).Em rigor da verdade não me lembro como as coisas se passaram, ao pormenor mas juntando o que eles me contaram , as deduções pós-situação, terão sido assim: Ao fazer um dos saltos, ele ter-se-á levantado (ou não), houve um desiquilíbrio e quando a mota bateu no chão, fê-lo meio de lado, e foram bater de frente num poste (naqueles cinzentos, gordos, feios e com mania de se mudarem quando a mini-honda passa).Foi grave, o Dário ficou inconsciente muito tempo, só se lembra de acordar na casa de banho no 1º andar da casa do Sr. Morais, com ele a perguntar-me "Como te chamas?" averiguando o seu estado de (in)consciência. Não se lembrava de nada, desci e vi a mota (a suspensão empenou de tal forma que a roda quase tocava na cabeça do motor). Subi de novo, não acreditando no que tinha acontecido. Conta o Luis que ao sentir que iam bater colocou a mão dele na testa do Dário e a puxou para trás. Bateu com o peito e (segundo ele) foi um estrondo. Creio que aquele gesto do Luis salvou a vida do Dário , pois à velocidade que iam, se batesse de cabeça, não havia escapatória. O medo do Dário era a reacção que o pai poderia ter, nem ao hospital foi. Um primo que tinha vindo de Cabo Verde e estava a viver com ele tratou de arranjar a mota, levou-a (não me lembro a quem) cortaram a suspensão e acrescentaram uns 10 cm, soldaram a coisa e assim passou a ter uma mini easy ryder como eu a chamava. Os quilómetros nunca mais aumentaram porque a bicha não tinha comprimento suficiente. Após a vinda para Lisboa, o Dário levou-a para Cabo Verde , vendeu-a anos mais tarde (através do meu amigo Moreira) e com o combu recebido (20.000$00) abriu a sua 1ª conta no banco, que serviu para pagar a carta de condução, perpetuando dessa forma a existência da sua mini-honda na sua mente.
Mini Honda
Zé Antunes
1973
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