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19/06/2012

A FUNGUTA



Como já sabia que brevemente iria bazar para o “puto” faço a 12 de Abril de 1975, um sábado, a minha festa de despedida na casa do Pompeu e do Salvador na Rua de Porto Alexandre, e com tudo preparado os comes eram fornecido pelas garinas, cada uma levava qualquer coisa (frangos, pães, rissóis, sumos etc.) que distribuíam pelas mesas. As barricas estavam já preparadas com o gelo, mas faltavam só as cervejas em quantidade suficiente para o pessoal saciar a sua sede. Eis que tenho uma ajuda preciosa, o Agostinho o “Bom Moço” que se oferece para ir comigo ao musseque Rangel pois tem um primo que tomou conta de uma mercearia aquando da expulsão dos brancos dos musseques, e sabe que está bem abastecida de cerveja, e que tem muita clientela de outros bairros, pois em Luanda a cerveja era ouro e estava a escassear.

Entro no Rangel com a carrinha Datsun de minha mãe, e sou logo rodeado de jovens pioneiros com ar de quem vai armar maka, armados com armas verdadeiras, mas logo o “Bom Moço” falou: este branco é nosso avilo, por isso calma ai com as kilunzas, ele só vem aqui à mercearia do meu primo buscar abastecimentos para uma funguta.

Senti medo, ao carregar as vinte grades de cerveja, mas depois à medida que saia do Rangel senti-me mais seguro e bazamos o mais depressa possível..

A farra realizou-se com bastantes garinas e todos se divertiram, tivemos sempre companhia da tropa que andava a patrulhar o Bairro e sempre que paravam era para saciarem a sede. Foi a última farra que participei e que não me senti seguro, pois já se tinha iniciado a guerra para saber q
uem era o mais poderoso.


1975

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