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04/06/2012

RETORNADO

Mais valera havermos ser bons burgueses, mercadores de sal e tripa, em fainas de missanga e comezainas.
Só assim poderíamos ter sido os inventores da economia de mercado e dos brandos costumes de um deve e haver regrado.
Sem armas nem bagagem regressamos de viagem e postos na praia, abandonados, na própria pátria desterrados, voltamos a subir montanhas, retornados, revoltados.
Quanto dói estar aqui neste sitio do passado, pisando as pedras e as areias de um pais revisitado.
Neste discreto recanto, donde ousei o sonho de partir
para desvendar o Universo, sofro agora a dor do meu regresso.
Neste canto Lusitano de terra da velha Hispania, ja sem mar para desvendar, vai doendo a tormenta de ficar entre as poeiras e as pedras das serras do desespero.
Foste Pátria de encantar
Pátria de mar e além mar
Foste Porto de partida
Para a terra prometida.
Depois de ousarmos mais alem
Das terras do fim do mundo
Eis que tristes aquém voltámos
às maternais terras do demo.
E enrodilhados na derrota,
resta-nos a esperança da revolta.
Cabe-nos tão só procurar
os caminhos do mar imaginado
onde podemos sempre viajar
descobrindo as descobertas.
As alvas do doce frio
acalentam o desejo
e emigrante de quem sou
volto de novo a quem fui.
Persiste o sonho
na semente que deponho
no ventre a terra cansada.
E resiste o sentido nestas terras decompostas
com que vou refazendo
a traça do lar antigo.
Sempre o destino vagabundo
de um singular português
em sua rota derrotado
saí daqui, regressei
e dentro de mim perdido
de novo me procurei.


(Autor desconhecido)

1975

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